18 junho 2010

Estava eu a sentir o meu corpo morrer e o único sentido que estava minimamente desperto em mim era a audição - o jornalista a declarar oficialmente a morte de Saramago. Ele tinha 87 anos, eu tenho 20. Não deveria ser mais grave morrer alguém com a vida pela frente?

Ah, e sim, vi parte da vida a passar-me à frente (guess what, não é um conceito pré-fabricado para auto-motivação), pensei inconscientemente em pedir ajuda aos que me são mais próximos e enquanto lutava para respirar só pensava no quão injusto era estar a morrer e deixar tanta coisa por fazer. E senti (provavelmente nunca tão perto) a minha mortalidade. A incapacidade de fazer o que o nosso cerebrio manda. Abrir os olhos e não ver nada. Tentar gritar e não conseguir. Sentir o sangue parar de correr e ouvir muito ao fundo do tunel o meu pai perguntar-me o que se estava a passar.

To die by your side is such an heavenly way to die + Live together die alone passaram a fazer sentido.

1 comentário:

  1. Não há nada mais aterrorizante do que pensar o que será feito de nós quando morremos. Como é que tudo para e deixamos de existir? Onde ficamos nós? Como é que é possível haver um desfecho assim?

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